Qualidade Industrial, Pré-embalados

Controlo metrológico: estará a minha equipa preparada?

O controlo metrológico de pré-embalados é uma tarefa relativamente simples. Porém, os métodos utilizados para determinar os conteúdos efetivos, a interpretação dos resultados das medições e as ações a tomar com base nos resultados, podem requerer níveis de qualificação dos colaboradores de uma empresa bastante diferentes. Até mesmo o controlo mais simples, deverá ser suportado por alguns conhecimentos essenciais, para que os pré-embalados possam ser colocados no mercado com as quantidades corretas. 

Os 3 aspetos seguintes pretendem alertar para algumas questões onde é importante aprofundar os conhecimentos sobre o controlo metrológico de pré-embalados para ter uma equipa bem preparada e segura das tarefas que devem desempenhar.

1. O que é essencial no controlo metrológico de pré-embalados? 

De acordo com o Decreto-Lei n.º 199/2008 de 8 de outubro, “a entidade cujo nome, firma ou denominação social figure no rótulo do pré-embalado, o embalador ou o importador, deve dotar-se dos meios indispensáveis à execução das medições, correções e ajustamentos necessários” para o cumprimento das 3 Regras do Embalador. Além disso, de acordo com o mesmo diploma legal, o responsável deverá ainda conservar os documentos comprovativos do mencionado anteriormente, de acordo com determinados prazos aí referidos. 

Assim, seja um controlo realizado apenas por um colaborador, ou por uma equipa da qualidade, é essencial que os recursos humanos afetos a estas tarefas sejam capazes de assegurar, que os pré-embalados que colocam no mercado, cumprem as 3 Regras do Embalador

controlo metrológico

2. Determinar os conteúdos efetivos

Controlar as quantidades dos pré-embalados implica determinar os conteúdos efetivos individuais de cada embalagem.  

Existem alguns conteúdos mais fáceis de determinar do que outros. Os mais simples são os produtos sólidos, pois basta subtrair os valores das taras para obter os pesos líquidos. Já nos produtos líquidos, utilizando um método de determinação gravimétrico, que é o mais comum, será necessário ter em conta a massa volúmica das substâncias cujas quantidades se pretende controlar. Neste caso, a temperatura e massa volúmica vão ter um papel muito importante na determinação das quantidades como se pode ler no artigo  Pré-embalados líquidos: Temperatura e Massa Volúmica

Existem, ainda, os produtos sólidos em meio líquido, em que o produto se encontra inserido num fluído que será descartado após a utilização/consumo do produto, como por exemplo uma lata de grão cozido. De igual forma, existem os produtos congelados e ultracongelados que possuem uma camada de vidragem para sua proteção e que têm igualmente uma metodologia própria para determinação do conteúdo efetivos através da desvidragem dos mesmos. 

Além dos métodos em si, também é de grande importância, garantir que se utilizam sistemas de medição adequados e que os mesmos se encontram devidamente rastreados de forma a garantir valores fiáveis e úteis para o controlo dos processos. 

Desta forma, é importante reter que determinar os conteúdos efetivos implica o conhecimento de diferentes métodos e que os produtos se comportam de forma diferente, de acordo com as condições ambientais e intrínsecas aos próprios produtos. 

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3. Controlo em processo 

Outro aspeto importante na qualificação dos técnicos, está relacionado com a necessidade de compreender os processos de embalamento em si, que passamos a explicar.  

Desde um embalamento manual até um embalamento mais sofisticado, como por exemplo, uma enchedora volumétrica ou uma doseadora ponderal, entender como se comportam os processos de embalamento é fundamental para garantir que são cumpridos todos os requisitos legais. Além disso, o controlo em processo deve servir também para não colocar quantidade em excesso nas embalagens, evitando assim os desperdícios e otimizando os embalamentos. 

Para realizar de forma eficaz estas tarefas é necessário saber que amostragens utilizar no controlo, com que frequência devem ser realizadas e em grande parte dos casos implementar sistemas de SPC. Neste ponto é muito importante saber interpretar os resultados obtidos pelo sistema, nomeadamente, médias, desvios, cartas de controlo, histogramas, entre outros parâmetros e saber como intervir nos processos com base nos resultados. 

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Conclusão 

Como vimos até aqui, é fundamental que os responsáveis pelo controlo de pré-embalados se encontrem munidos de um conjunto de conhecimentos e de ferramentas, que lhes permitam controlar adequadamente as quantidades dos seus produtos pré-embalados.  

É, ainda, de grande importância que os embaladores procurem informação credível e de qualidade e também que os seus colaboradores realizem regularmente formação relacionada com o controlo de pré-embalados, de forma a estarem preparados para lidar não só com os seus processos de embalamento, como também com as várias partes envolvidas, desde a produção, à qualidade, fiscalização e certificação. 

Autor Rui Silva

Rui Manuel Pedrosa Silva

Mestre em Eng.ª do Ambiente, Rui Manuel Pedrosa da Silva realiza e coordena, há 11 anos, ensaios de verificação metrológica de Pré-embalados. Desde 2012, participa como formador e orador em vários seminários e formações sobre Controlo Metrológico de Pré-embalados. Atualmente desempenha funções de Gestor da Qualidade e Diretor Técnico na empresa Aferymed

 

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