Indústria e Tecnologia
Indústria 4.0: o presente e o (único) futuro das empresas
Numa altura em que contamos as passas para mais uma passagem de ano e que viramos mais uma década, as soluções futuristas que há uns anos apenas nos entravam em casa através dos filmes e séries televisivas fazem agora parte da realidade do nosso dia a dia, e melhor ainda, da realidade das nossas empresas. A revolução da industria 4.0 já começou e promete mudanças determinantes.
O que encontra neste artigo?
IoT, o acrónimo do ano
Se pudesse eleger o termo que mais nos tem remetido para o conceito de Industria 4.0, dira que é o acrónimo “IoT” – (internet of things).
Na verdade, em 2019 a compra de equipamento IoT continua a bater recordes. As perspetivas são que em 2020 e nos anos seguintes o crescimento continue a ser exponencial.
Mas nem só de IoT vive a industria 4.0
Para além da Internet das coisas, existem mais 3 pilares de suporte às soluções da Indústria 4.0:
– Big Data – Recolha e armazenamento de grandes quantidades de dados;
– Advanced Analytics – Técnicas e algoritmos elaborados que permitem analisar a Big Data de modo a auxiliar a previsão dos eventos futuros;
– Cloud Computing – Conjunto de super servidores alojados remotamente que providenciam serviços através de uma simples ligação à internet. Entre outras funções, são capazes de correr algoritmos de Advanced Analitics de forma rápida, eficiente e a baixo custo.
De que forma têm beneficiado as empresas na implementação desta nova abordagem de industrialização?
Há várias áreas onde as empresas têm retirado dividendos através da:
– Rápida e fácil prototipagem;
– Redução dos custos de produção pela otimização dos processos;
– Rapidez e eficiência como se atingem os clientes alvo.
A contribuir de forma elevada para estes e outros benefícios, destaco o incremento da capacidade de previsão como um dos elementos que mais tem contribuído os benefícios desta abordagem.
Os equipamentos conectados e os dados recolhidos por estes têm proporcionado às empresas uma capacidade de previsão difícil de obter anteriormente, permitindo a redução daquele que é um dos maiores custos das empresas – o custo de não poder produzir ou prestar serviços.
E o futuro? Quais as tendências da Indústria 4.0 para os próximos tempos em Portugal e no mundo?
– O 5G
Por agora ainda em testes, mas uma realidade no próximo ano 2020 – a ultra banda larga em 5G. A rede sem fios que permite velocidades ainda mais rápidas e latências ainda menores.
Com a capacidade de gerir e providenciar serviço a mais equipamentos por quilómetro quadrado que as suas antecessoras.
O 5G permitirá tornar o controlo remoto dos equipamentos mais eficiente e rápido, pois os comandos remotos chegarão às máquinas em velocidades muito superiores às de hoje e a resposta a esses mesmos comandos usufruirá da mesma velocidade tornando a interação entre homem e máquina cada vez mais fluída.
– Realidade Virtual e Realidade Aumentada
Outra das tendências desta quarta revolução industrial, está na realidade, a realidade virtual e realidade aumentada.
À semelhança da impressão 3D, que tal como o IoT tem tido um crescimento exponencial, a realidade virtual tem permitido que a prototipagem tenha uma linha ténue entre o real e o virtual. As empresas começam a tirar partido desta tecnologia para “entrar” virtualmente nos seus produtos, criticá-los construtivamente e identificar melhores abordagens na sua conceção e utilização.
Quanto à realidade aumentada será a solução que fortalecerá a parceria entre o homem e as máquinas. A utilização de dispositivos como óculos eletrónicos ou computadores adaptados que hoje já permitem que, por exemplo, um operador tenha disponível de forma simples e ágil a informação como instruções de fabrico ou detalhes pormenorizados de um produto, terão um impacto elevado em situações que até aos dias de hoje se traduziam em elevados e demorados custos de formação.
– O grande “S” de Segurança
Por fim, mas tão ou mais importante do que os aspetos anteriores – a segurança.
Sabendo que este tópico merecia um artigo dedicado, é um dos pontos que tem que fazer parte integrante de uma sólida implementação das soluções para a Indústria 4.0.
Sendo o cyber ataque um dos crimes com maior ascensão nos últimos anos, a implementação destas soluções têm que ser feitas em parceria com as mais eficazes políticas de segurança para garantir a execução em continuo daqueles que são dos pilares da Industria 4.0: IoT, Big Data, Cloud Computing e Advanced Analytics.
O que fazer para implementar este paradigma de indústria?
Não há uma resposta direta a esta pergunta pois cada empresa tem a sua identidade. A mesma solução pode não funcionar em empresas idênticas. É necessário analisar todos os processos que compõem a cadeia de valor, definir os objetivos e a estratégia para os atingir.
Neste processo tome em consideração os pontos abaixo:
1. O capital humano interno – Este é um dos maiores ativos das empresas. Tire partido das pessoas que têm na sua empresa, capacitando-as de forma a alavancar as competências existentes.
2. O parceiro – Escolha um parceiro que conheça bem os desafios atuais da industria. A Sinmetro pode ajudar a sua empresa a responder aos problemas que diariamente ouve no chão de fábrica e suportar o inicio da implementação da sua estratégia i4.0.
3. Os incentivos – Das três tipologias de ação para as quais o IAPMEI suporta as PME, verifique na qual a sua estratégia i4.0 melhor se enquadra e aproveite os incentivos governamentais para reduzir os seus custos de implementação.
Não perca as oportunidades da indústria 4.0!
Tal como nas revoluções anteriores, as empresas que não se prepararem para a revolução i4.0 ficarão para trás e perderão a sua quota de mercado para os concorrentes mais bem preparados.
Se ainda não começou, comece hoje a preparar o futuro da sua empresa e materialize em projetos e ações de melhoria contínua os conceitos anteriormente indicados.
Referências bibliográficas:
COMPETE 2020, Indústria 4.0 a Quarta Revolução industrial, consultado em 11/12/2019;
Bernard Marr, What is Industry 4.0?, consultado em 06/12/2019.
Ricardo Gonçalves
Pós-Graduado em Desenvolvimento de Sistemas de Informação pelo ISCTE do Instituto Universitário de Lisboa, em 2009, e Bacharel em Informática de Gestão pelo ISCAC do Instituto Politécnico de Coimbra, em 2006, trabalhou durante mais de 13 anos em projetos de implementação de sistemas de informação em multinacionais da indústria automóvel.
Em 2013 ficou responsável pela gestão das Tecnologias de Informação nas fábricas de Portugal, Alemanha e República Checa do Grupo Key Plastics.
Em 2017 passou a coordenar o projeto global de suporte às soluções de chão de fábrica do Grupo NOVARES com responsabilidade de suporte a 42 fábricas presentes em 16 países.
Atualmente, integra a equipa da Sinmetro em 2019 na qualidade de IT Manager em projetos para a Indústria 4.0.