Qualidade Industrial

Os 3Ms do lean: Muda, Mura, Muri

Atualmente, qualquer indústria que tenha como objetivo principal investir na sua evolução deve focar a sua atenção na aplicação de dois grandes conceitos: otimização e eliminação de desperdícios! Este artigo, pretende aprofundar os 3Ms do sistema de produção da Toyota – Muda, Mura e Muri – que se encontram intrinsecamente relacionados com os conceitos anteriores, bem como, a metodologia Lean.

O que representam os 3Ms do Lean?

3Ms do Lean

Tal como referido acima, os 3Ms do Lean estão diretamente relacionados com os desperdícios e as inconsistências nos processos internos das empresas, que intensificam significativamente o acréscimo de prejuízos para as organizações.

Os 3Ms são compostos na sua génese por três termos japoneses, sendo estes: Muda, Mura e Muri. Este conceito, fundamental para o bem-estar de qualquer empresa, apoia e valoriza a implementação de estratégias com vista à evolução e melhoria contínua das organizações.

Taichi Ohno, considerado o fundador do sistema de produção da Toyota, transmitia que o princípio da não padronização e racionalização dos processos leva ao desperdício (Muda), à inconsistência (Mura) e à irracionalidade do tempo gasto numa determinada operação (Muri). O que se traduz no aumento dos custos de produção e consequentemente na intensificação dos riscos para a organização.

Para melhor entender estes conceitos segue uma explicação detalhada sobre cada um deles:

Muda

Em japonês, Muda é o resultado de uma atividade que acaba por criar desperdício. É considerado o “lixo” do processo, incomoda, não aumenta produtividade nem agrega valor. O Muda tem como pontos de desperdícios os mesmo que conhecemos na metodologia Lean. Podemos dividir este conceito em dois tipos:

1) Muda tipo I

Trata-se de todas as atividades que não agregam valor, no entanto não podem ser eliminadas a curto prazo. Um exemplo vulgar é o da inspeção. Por mais que seja um desperdício alocar recursos para inspecionar uma tarefa, ação ou processo que deveria ter sido desempenhado corretamente da primeira vez, não é possível retirar a inspeção dos processos de um dia para o outro. Antes de se retirar essa etapa do processo é necessária uma preparação prévia que garanta que o cliente final não sai prejudicado.

2) Muda tipo II

No Muda tipo II ocorre precisamente o oposto. Trata-se de desperdícios que podem e devem ser eliminados do processo, num curto prazo. Geralmente, estes desperdícios existem porque nenhum recurso pára e observa os processos a ponto de analisá-los com maior detalhe. Ou seja, não existe tempo dedicado à análise e procura de soluções que os removam do processo. Podemos considerar desperdícios do tipo II movimentações e transporte desnecessários, que apenas necessitam de um ajuste na otimização de processos.

Mura

O conceito Mura está relacionado com a irregularidade do processo, onde existe muita variação e flutuação de atividades. Este conceito aplica-se a casos em que as tarefas e o esforço necessário para as desenvolver não é bem distribuído, gerando uma inconsistência destrutiva para qualquer trabalho. Este desperdício é um dos mais difíceis de eliminar, precisamente pela sua inconsistência nos processos.

Ainda assim, são vários os conceitos que se inserem na metodologia Lean, e que foram criados para trazer estabilidade aos processos. Destaca-se neste caso o just in time, que procura um sistema onde apenas é produzido o necessário, na quantidade certa e no momento e local corretos.

Muri

Dentro do conceito Muri, o principal objetivo é eliminar as fontes de desperdício relacionadas com o excesso das atividades, como eliminar operações que não acrescentam quaisquer benefícios produtivos e que aumentem, significativamente, a carga de um recurso. Sempre que se excede a carga de uma pessoa ou equipamento, pode até achar que está a aumentar a produtividade de um processo, porém o prejuízo deste método de trabalho pode ser avassalador.

Pessoas e máquinas expostas a uma carga de trabalho excessiva, tendem a produzir sem qualidade, destacando que, quando se trata de recursos humanos esta sobrecarga poderá culminar em aumento do stress, desmotivação, “desleixo” na operação e até mesmo levar o recurso à exaustão.

Os 3Ms do Lean na prática

Os 3Ms do Lean na prática

Muda, Mura, Muri: conclusão

Os 3Ms são desperdícios que podem corroer os resultados das organizações, colocando em risco a sua sobrevivência no mercado. É de destacar que estes desperdícios podem acontecer em qualquer secção de uma empresa e ser resolvidos, independentemente do seu tamanho.

É essencial que os membros das equipas de trabalho estejam alerta e sejam formatados para desenvolver sugestões de melhoria, de forma a identificar e eliminar problemas dos processos internos, com a maior brevidade e rapidez possíveis.

Rafaela Almeida

Licenciada em Engenharia e Gestão Industrial pela ESTG no Instituto Politécnico de Leiria, em 2019.

Realizou estágios de Verão na Moldes RP, onde esteve envolvida na implementação de ferramentas Lean, tratamento de não-conformidades e otimização de processos.

Foi responsável de Planeamento e Gestão da Produção na Indústria Portuguesa para Moldes, onde implementou ações de otimização de processos.

Em 2020 direcionou-se para a consultoria de software MES, CRM e ERP, onde exerceu a função de gestora de projetos, tester, implementação e analista.

Atualmente, encontra-se na equipa Accept da Sinmetro onde exerce a função de consultoria de projetos.

Faça o download do Workbook “Otimização de Processos – 10 passos para o sucesso!” e conheça as etapas que deve seguir, desde a conceção da ideia à implementação e otimização do processo!

Este artigo foi útil?

Classifique este artigo

Uma vez que achou este artigo útil...

Siga-nos nas redes sociais