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Segurança no trabalho: 5 dicas importantes para a Indústria
Identificar, prevenir e mitigar são preocupações diárias que qualquer empregador tem o dever ético e moral de possuir, necessitando as mesmas de cumprir, não raras vezes, a legislação em vigor. Particularmente na indústria, a segurança no trabalho assume uma dimensão que não se extingue na promoção (in)direta de saúde e do bem-estar dos colaboradores.
Por esse motivo, este artigo apresenta as principais dicas a serem colocadas em prática na sua indústria, independentemente de serem executados trabalhos mais ou menos propensos ao risco, acidentes e doenças profissionais, com o objetivo de prevenir acidentes e promover segurança no trabalho.
O que encontra neste artigo?
O contexto industrial
Os ambientes industriais podem ser mais ou menos complexos, ao apresentarem condições que podem ser propensas a diferentes níveis de risco, colocando em causa a segurança, saúde e bem-estar dos colaboradores.
Significa que o ato de operar na indústria implica repensar a atividade industrial, as condições e a manutenção do espaço e dos equipamentos industriais e de proteção individual oferecidos aos colaboradores, formação contínua e cuidados a serem adotados pelos ativos no trabalho diário, bem como o cumprimento da legislação.
Quando os ativos ficam condicionados e prejudicados devido a acidentes e lesões no ambiente de trabalho, esta situação pode conduzir ao afastamento dos colaboradores manifestamente insatisfeitos e ao aumento dos pedidos de indeminizações.
Então, mais do que essencial para assegurar a segurança e o bem-estar dos colaboradores, a prevenção de acidentes dispõe de uma influência direta sobre as rotinas das organizações: satisfação, relações interpessoais, segurança, resiliência, espírito crítico, entre outros.
Neste sentido, a prevenção assume-se como um investimento para garantir e melhorar a saúde do trabalhador e a segurança do chão de fábrica que, se bem delineado, estruturado e sustentado, pode representar uma imagem de credibilidade e responsabilidade social da empresa no mercado. A bem da verdade, os valores deste investimento serão sempre superiores ao ter de lidar com os custos decorrentes de acidentes, tragédias, e doenças profissionais.
Como garantir a segurança no trabalho em ambiente industrial?
Com o objetivo de disponibilizar toda a informação necessária ao desempenho desta tarefa, apresentamos em seguida 5 dicas importantes para promover a segurança no trabalho, no setor industrial.
A segurança no trabalho pode ser abordada e trabalhada com uma base antecipatória. Tanto os empregadores, como os colaboradores mais conhecedores e com sentido crítico sobre os processos industriais onde operam, podem fazer um levantamento e esquematizar, em conjunto, a observação direta e indireta de riscos.
Quanto aos elementos observáveis que podem resultar em acidentes, necessitam de ser repensados, reestruturados e resolvidos no imediato. Exemplos: locais com pouca segurança, desorganizados, sujos, ausência de sinalização crítica, espaços de circulação desajustados, fios desorganizados e deteriorados, equipamentos industriais sem manutenção e revisão regulares, ferramentas em más condições de operabilidade, entre outros.
Algumas fragilidades indiretas não são passíveis de modificação com vista à sua eliminação, mas que podem representar em algum momento uma ameaça direta ao bem-estar. Nestes casos, diríamos que as ameaças que acompanham a execução de funções podem ser mitigadas.
Existe a possibilidade de ser estabelecida uma iniciativa comunicativa de literacia e partilha, que pode ser formada por um conjunto de trabalhadores eleitos para assumirem essa função junto dos seus homólogos, compartilhando fatores de risco, instruções e recomendações muito específicas, tais como:
– Evitar distrações, confraternizações em momentos críticos, exposição imprudente a riscos, utilização de telemóveis e sentir um cansaço excessivo.
– Estimular a plena atenção na realização de cargos que envolvem riscos.
Isto porque nem sempre as atividades são perigosas e regulamentadas por legislação ou fiscalizadas, como é usual acontecer com o manuseamento de produtos inflamáveis ou explosivos e de maquinaria cortante pesada e de grande porte, por exemplo, mas que podem ser nefastas na mesma proporcionalidade. Podemos também falar de doenças profissionais, que são variadíssimas e dirigem-se até ao modo como a função é desempenhada: sentado, em pé, transporte de cargas, iluminação, temperatura ambiente, qualidade do ar, entre outros. Portanto, capacitar e treinar a equipa é um ponto de partida indispensável.
Sabe-se que o uso destes equipamentos é de especial importância para evitar ferimentos, lesões graves e até mortes na indústria, nomeadamente em processos mais complexos e perigosos onde a sua utilização é de caráter obrigatório, quer na utilização por parte dos colaboradores, quer no seu fornecimento gratuito por parte das empresas.
No entanto, os protetores auriculares e respiratórios, óculos de proteção, luvas especiais, botas, cintos anti quedas, e capacetes são frequentemente negligenciados, quer pelo desconforto que podem causar, quer pela ausência de hábitos de utilização.
Nesse sentido, os equipamentos fornecidos devem oferecer qualidade e conforto aos colaboradores, estes últimos incentivados à sua incorporação e monitorização coletiva em rotinas de laboração e na cultura organizacional e, principalmente, não devem executar tarefas que envolvem riscos e para as quais não foram treinados.
As atividades tendencionalmente manuais, repetitivas e específicas de cada indústria irão provocar, em algum momento, alguma doença profissional, que pode comprometer a saúde e o bem-estar geral de colaboradores.
Perspetivando-se a possibilidade de concretização de eventos desta natureza na sua empresa, criar um programa de saúde adequado permitirá oferecer um acompanhamento profissional e mitigar de condições desfavoráveis e originárias de doenças profissionais. Dependendo da dimensão organizacional, poderá revestir-se de extrema importância um médico do trabalho para a execução das medidas, materializando-se num acompanhamento do uso de equipamentos industriais à realização de exames médicos periódicos.
Todo e qualquer incidente experienciado pelo trabalhador deve ser reportado para que não se torne, num futuro próximo, em algum tipo de acidente incapacitante. Exemplo flagrante pode dizer respeito à deteção de algum problema relacionado com a ausência de uma manutenção ou revisão adequada dos equipamentos industriais.
Para que tal seja operacionalizado, esta comunicação deve ocorrer junto de superiores e do setor de segurança no trabalho, uma vez que cada empresa possui uma forma de proceder, registar, tratar e acompanhar estas ocorrências. Toda a comunicação pode servir como uma oportunidade para uma partilha coletiva de que aquele evento poderá acontecer com outros colaboradores, mas para isso torna-se necessário instituir uma cultura de segurança assente em valores como a confiança e o respeito.
Conclusão
Independentemente de se tratar de uma indústria que dispõem de muita automação de processos, existe em qualquer ambiente industrial, o risco de acidentes ou até mesmo o desenvolvimento de doenças profissionais incapacitantes, que acabam por promover o desgaste rápido de ativos e, consequentemente, comprometer a saúde e o bem-estar geral.
Deste modo, a prevenção assume especial importância na esfera do empregador para analisar e resolver antecipadamente fatores de risco diretos, enquanto se fomenta sentido crítico junto dos colaboradores para condutas aparentemente inofensivas aquando da execução de tarefas, onde à partida não é possível eliminar o risco por completo. A interiorização correta da informação, a par da disponibilização de todos os recursos necessários, permitirá que sejam criados hábitos comportamentais face às orientações transmitidas, evitando-se uma exposição desnecessária e imprudente ao risco.
Assim, melhorar a otimização da relação entre ativos, equipamentos industriais e o ambiente fabril permitirá criar condições em que os riscos provocados por acidentes e as doenças profissionais diminuam consideravelmente.
Significa, por fim, que a segurança no trabalho é um processo contínuo de adaptação à evolução do seu contexto fabril. Por esse motivo, necessita de uma atualização periódica, até porque podem surgir novos riscos ou soluções inovadoras para colmatar algumas fragilidades previamente identificadas e onde não foi possível excluí-las na sua totalidade.